AGORA VAMOS ENTENDER
Como funciona um gasoduto?
Um gasoduto é uma rede de tubos que leva gás de uma região produtora, como a Bolívia, para uma região consumidora, como o Brasil. O gás é transportado pelos tubos com a ajuda da diferença de pressão: em um ponto, chamado estação de compressão, a pressão no duto é elevada e "empurra" o fluido para o ponto de menor pressão. No gasoduto entre a Bolívia e o Brasil, o gás percorre mais de 3 mil quilômetros - 557 quilômetros no país vizinho e 2 593 quilômetros por aqui. Esse "minhocão", que transporta até 30 milhões de m3 de gás natural por dia, tornou-se um dos assuntos mais inflamáveis do momento depois que o presidente boliviano, Evo Morales, anunciou a nacionalização do gás natural no país. Na prática, a medida significa um aumento imediato (de 50% para 82%) no imposto sobre o gás que o Brasil importa, além do controle da Bolívia sobre as duas refinarias da Petrobras no país. É motivo de sobra para o presidente Lula ficar encanado.
Entrando pelo cano No gasoduto Bolívia- Brasil, tubulação fica enterrada a 1,2 metro de profundidade
1. Tudo começa com a extração do gás na Bolívia. Lá, ele é retirado do solo, que é perfurado por sondas. Como o gás está sob pressão embaixo da terra, ele sai naturalmente quando encontra uma brecha. Antes de entrar no gasoduto, o gás natural, constituído principalmente de metano, é purificado - gases como enxofre e propano caem fora
2. Antes de iniciar viagem, o gás natural ainda tem que ser comprimido para uma pressão entre 80 e 100 kgf/cm2 — 80 a 100 vezes maior que a da atmosfera ao nível do mar. Ao longo do gasoduto, estações de compressão ajudam a recuperar a pressão perdida pelo caminho. No Brasil, são 14 estações, como a de Corumbá (MS)
3. Não dá para tirar o gás em qualquer ponto do gasoduto. Mas a tubulação passa por 36 cidades onde há estações de entrega. Nessas saídas para o produto, o gás tem a pressão diminuída para cerca de 35 kgf/cm2 (por razões de segurança) e é retirado por companhias distribuidoras locais. Uma das estações de entrega fica em Campo Grande (MS)
4. Outro tipo de estação que rola é a de medição. Existem várias espalhadas pelo trajeto, como esta em Guararema (SP). Uma estação de medição é simples: ela possui equipamentos para monitorar o volume e a velocidade do gás. Funciona como um posto de controle
5. O gasoduto também tem mecanismos de segurança. Há 115 válvulas de bloqueio, posicionadas com intervalo de 30 quilômetros entre uma e outra. Elas fecham a passagem do gás quando há sinal de vazamento na área. Há válvulas de bloqueio também nas estações de compressão
7. Na cidade de São Paulo, onde são consumidos diariamente 11,5 milhões de m3 de gás natural, o produto não é armazenado em botijões, como acontece com o gás do tipo GLP. Ele sai diretamente do gasoduto para os dutos das distribuidoras locais, que alimentam postos de combustível, residências e indústrias
8. O gasoduto segue para o sul do Brasil até Canoas (RS), onde finalmente termina após 3 150 quilômetros ! A tubulação que transporta o gás é de aço-carbono, um dos mais resistentes. O diâmetro dos canos varia entre 16 e 32 polegadas (de 40,6 a 81,2 cm ), dependendo do trecho. O gasoduto fica enterrado a uma profundidade média de 1,20 metro